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Paralisação: Santa Casa de Goiânia suspende atendimentos eletivos nesta terça (19)

(Foto: Divulgação)

Médicos da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia suspederam, nesta terça-feira (19), o atendimento para consultas, exames e cirurgias. O ato faz parte de um movimento que cobra mais investimentos para remediar a crise financeira acerca das mais de 2 mil Santas Casas de todo país. Apenas casos de emergência estão sendo atendidos. Segundo a direção do hospital, todos os serviços votam ao normal nesta quarta-feira (20).

Ainda de acordo com a superintendente Geral, Irani Ribeiro, atualmente a entidade trabalha com uma tabela muito ”desafada”. ”Funcionamos com uma tabela muito desafada. Um dos exemplos, é uma consulta médica a R$ 10 reais e o médico recebe depois de 60 dias. Uma cirurgia, R$ 120 reais e o médico recebe depois de 60 dias”, destaca Irani Ribeiro. Ela ainda afirma que a unidade não possui nenhum laboratório que trabalha com a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). ”Nós pagamos além do valor SUS, mais 40% para complementação. Ou seja complementamos os exames”, disse.

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Atendimento SUS

Segundo a superintendente, em 2021, a Santa Casa de Goiâna atendeu uma alta demanda do SUS. Sendo 41 mil de consultas, mais de 7 mil cirurgias, mais de 40 mil atendimentos laboratoriais por mês. ” 96% da nossa produção é SUS. É um hospital susdependente”, disse Irani.

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Irani reforça que a situação financeira das unidades está crítica nesse período pós pandemia principalmente após alta nos preços dos medicamentos. A superintendente conta que antes, o valor de uma ampola para anestésico utilizado para cirurgias, custava R$ 1,90 , agora, essa mesma ampola custa R$ 245.

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Essa situação tem ficado mais difícil para a Santa Casa porque segundo a superintendente,a cada semana os preços dos medicamentos sobem. ”Está faltando medicamentos no mercado, e quando encontramos o preço é altíssimo. Então, as Santas Casas estão passando por muitas dificuldades”, frisa.

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Leitos usados na pandemia

De acordo com Irani, há um ano atrás, as Santas Casas conversaram com presidente da República pedindo ajuda, segundo ela, mostrando que durante a pandemia 70% dos leitos ocupados para tratamento da Covid-19 são das instituições filantrôpicas. ”Nós temos um papel social muito grande, mas precisamos ter recursos para continuar salvando vidas. E hoje salvar vidas está ficando muito caro” disse.

No ano passado, segundo a superintendente, o governo fedral prometeu R$ 2 bi para serem distribuidos às Santas Casas, seguindo as suas produções, para liquidar um pouco das dívidas. ”Nós estamos financiando o SUS, estamos emprestando recursos para cubrir uma tabela que hoje ninguém quer trabalhar com essa tabela”, destaca.

Discrepância

A Santa Casa relembra o histórico dos números ao longo dos últimos tempos: nos últimos 28 anos, desde o início do Plano real, a tabela Sistema Único de Saúde (SUS) e seus incentivos foi reajustada em média em 93,77%. No mesmo período, o INPC subiu 636,07%, o salário-mínimo 1.597,79% e o gás de cozinha 2.415,94%. 

Este descompasso brutal representa R$ 10,9 bilhões de reais por ano de desequilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviços ao SUS pelas filantrópicas. Irani Ribeiro de Moura destaca que há uma enorme discrepância entre os valores recebidos e os custos da assistência prestada, principalmente à parcela mais carente da população que depende do SUS e representa mais de 95% dos atendimentos da Santa Casa. 

As Santas Casas apoiam a melhoria da remuneração de todos os profissionais de saúde, mas, com esse PL, teriam impacto estimado em R$ 6,3 bilhões de reais por ano, sendo que este extraordinário montante financeiro não está ancorado em nenhuma espécie de fonte de financiamento, tornando insustentável seus funcionamentos e estabelecendo-se definitivamente a falência dos hospitais.

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Categorias: Cidades
Tags: Goiânia
Leonardo Calazenço: