O médico nutrólogo e intensivista, José Israel Sanchez Robles, fala sobre assunto
Um dos assuntos que rendeu mais polêmica nesta semana foi a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada na terça-feira (11), no Diário Oficial da União, que decide que a prescrição de anabolizantes para estética ou performance por médicos está proibida. A norma vale tanto para pacientes que buscam ganho muscular, performance esportiva ou estética.
A norma veda os profissionais de saúde de indicarem o uso de hormônios andrógenos (como testosterona e seus derivados) em casos sem eficiência comprovada, no esporte amador e profissional ou para a beleza. Além disso, a realização de cursos, eventos e apologia a essas medicações também estão proibidas. Mas a polêmica vem por vários motivos e chega a ser “complexa”, é o que explica o médico nutrólogo e intensivista, José Israel Sanchez Robles.
“A indicação de anabolizantes para estética ou performance em pacientes pode ter lados positivos e negativos. Atualmente, por exemplo, os esteroides anabolizantes são indicados em casos específicos, como terapias de reposição onde há deficiência de testosterona e para a transição de gênero de homens transexuais, e isso vai continuar”, afirma o médico.
Porém, o especialista alerta sobre outras formas de uso excessivo. “O uso ‘fora da bula’ em altas doses para finalidades estéticas ou esportivas, porém, se espalhou nos consultórios e nas redes sociais e, com isso, lembramos que tudo em excesso traz riscos. Além disso, há diversos procedimentos com fins apenas estéticos que também são passíveis de riscos”, pontuou Jose Israel.
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O médico lembra que o uso excessivo de testosterona em mulheres, por exemplo, traz complicações: “Pode causar acne, aumento do crescimento de pelos, voz rouca, alterações no ciclo menstrual, aumento do risco de doença cardiovascular e redução da tolerância à glicose. Por fim, o médico reforça que toda prescrição deve ser feita com base em exames e avaliações médicas profissionais.
Outros pontos da decisão
Na resolução consta, ainda, entre outros trechos, que “a inexistência de estudos clínicos randomizados de boa qualidade metodológica que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis suprafisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres […] A crescente divulgação, entre a população, de novos métodos terapêuticos baseados no emprego de hormônios androgênicos ou outros tipos de suplementos sem evidências clínico-científicas que comprovem a sua segurança”.
Sobre a regulamentação, o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, disse, em comunicado à imprensa que se trata de algo positivo. “Esta resolução é uma vitória da boa Medicina e da Ciência. Ela protege a sociedade de uma narrativa que vinha sendo contada de que existe segurança no uso de terapias hormonais para essas finalidades, e em doses supra fisiológicas, o que não é corroborado pelas evidências científicas disponíveis e coloca em risco a vida dos pacientes”, afirmou.