Depois de receber 1% dos votos em sua terceira tentativa de chegar à Presidência da República em 2018, a ex-senadora Marina Silva deve disputar uma vaga de deputada federal em 2022, enquanto seu partido, a Rede Sustentabilidade, tenta formar uma federação partidária com o PSOL para superar a cláusula de barreira e continuar operando no Congresso depois das eleições do ano que vem.
A decisão de Marina Silva ainda não foi oficializada nas instâncias do partido, mas já é tratada como um fato consumado nos bastidores da Rede. “(A candidatura) ainda está em avaliação Marina é a nossa principal liderança nacional. Sem dúvida seria muito orgulho ter Marina e Heloísa (Helena) no Congresso Nacional em 2023”, disse ao Estadão o porta-voz nacional da Rede, Wesley Diógenes.
Quando questionado se a Rede pretende ter candidato a presidente em 2022, Diógenes respondeu que a prioridade nacional é a eleição de deputados federais. “Estamos trabalhando para Heloísa (Helena) ser candidata (a deputada) pelo DF. Ela já mora aqui há 2 anos. Também existe um convite para ela ser candidata pelo Rio de Janeiro”.
“Não tem sido fácil tomar a decisão, pois nunca pensei disputar fora de Alagoas, mas como sempre digo pra mim mesma, olhando minhas dolorosas cicatrizes: Nunca esqueça de suas raízes, mas lembre que elas não são âncoras na sua jornada”, disse Heloísa Helena ao Estadão.
A construção da federação com o Psol esbarra em um obstáculo político. A Rede faz oposição sistemática ao PT desde sua fundação, enquanto o partido de Guilherme Boulos caminha para a decisão de apoiar o ex-presidente Lula em 2022.
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A cláusula de barreira ou de desempenho, como também é chamada, tem o objetivo de impedir ou restringir o funcionamento do partido que não alcançar determinado porcentual de votos na eleição para a Câmara dos Deputados. A meta é reduzir gradativamente o número de legendas – são 33 hoje.
Para cumprir a regra, cada partido terá de alcançar o mínimo de 2% dos votos válidos em 2022, ou eleger 11 deputados em pelo menos um terço das unidades da Federação. Por esse critério, a Rede é um dos partidos que corre sério risco de ficar fora do jogo político do Congresso em 2022, ou seja, sem direito a cargo em comissões, cadeira no colégio de líderes e demais postos de relevância na Casa.
Além disso, os partidos que não conseguirem ficam sem acesso ao fundo público que custeia os gastos das siglas e também sem o tempo de rádio e TV no horário eleitoral. Na eleição de 2018, 14 siglas não conseguiram cumprir essa condição. Foi pensando nisso que a legenda fundada por Marina abraçou o pragmatismo e discute formar uma federação com o PSOL.
“A Executiva Nacional da Rede decidiu, por unanimidade, iniciar oficialmente tratativas com o PSOL para analisar a possibilidade de Federação, além de continuar dialogando com alguns Partidos do campo democrático-popular. A decisão dar-se-á apenas após essas reuniões e deverá ser, obrigatoriamente, aprovada no Elo Nacional”, disse o porta-voz do partido. (Por Pedro Venceslau e Levy Teles – Estadão Conteúdo).
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