Política • atualizado em 26/08/2023 às 14:44

Mulheres terão direito a acompanhante em exames médicos em Goiás

Projeto de lei proposto pela deputada estadual Bia de Lima (PT), foi sancionado pelo governador Ronaldo Caiado
Em apenas um mês, outubro de 2021, Goiás registrou três casos de grande repercussão envolvendo médicos suspeitos de crimes sexuais. (Foto: reprodução)
Em apenas um mês, outubro de 2021, Goiás registrou três casos de grande repercussão envolvendo médicos suspeitos de crimes sexuais. (Foto: reprodução)

A partir de agora, as mulheres podem ter acompanhante em procedimentos e exames médicos que exijam sedação em todo o território goiano. Isso por que o projeto de lei, proposto pela deputada estadual Bia de Lima (PT), foi sancionado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e publicado na edição suplementar do Diário Oficial dessa sexta-feira (25), como Lei nº 22.236, de 25 de agosto de 2023

Com a nova lei, hospitais e clínicas das redes pública e privada terão de informar de maneira visível, o direito de as mulheres escolherem livremente acompanhantes pessoais para os exames médicos. Em caso de descumprimento da lei, a matéria estabelece a aplicação de advertências e multas, que podem variar entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, com possibilidade de aplicação em dobro nos casos de reincidência. A previsão de sanção para servidores públicos foi vetada pelo governador.

De acordo com Bia de Lima, o PL foi proposto por ser tratar de prevenção e proteção da saúde da mulher. Segundo a deputada, desde 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência de gênero como problema de saúde pública e violação de direitos humanos.

“Por isso, a escolha de acompanhante proporciona a sensação de amparo, coragem, tranquilidade e conforto, com consequente redução do medo e da ansiedade”, afirma ela.

Em apenas um mês, outubro de 2021, Goiás registrou três casos de grande repercussão envolvendo médicos suspeitos de crimes sexuais. Um deles chegou a ser preso, após ser denunciado por mais de 40 mulheres, já os outros dois foram demitidos e investigados.

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Em julho deste ano, um ginecologista foi denunciado por diversas pacientes após denúncias de crimes sexuais, na capital goiana. O médico chegou a dizer que as mulheres precisavam ficar excitadas para que os exames fossem realizados da maneira correta.

“Em muitos casos, o médico tem a função social de mitigar o sofrimento de uma pessoa – muitas vezes em situação de fragilidade e vulnerabilidade – e usa desse acesso à intimidade e da confiança para praticar atos de violência, inclusive, sexual, o que torna a situação ainda mais perversa”, afirma a deputada.

É preciso ressaltar ainda que, contra a vítima, pesam: a dúvida imediata sobre o ocorrido (dado que o contexto de exame clínico pode não lhe ser familiar; a ausência de outras provas, já que usualmente a consulta médica ocorre sem testemunhas em lugar fechado; a desqualificação do relato da vítima, tão frequente com mulheres em situação de violência, mas especificamente nesse caso contra um profissional de prestígio na sociedade; o medo das repercussões da denúncia, que pode incluir a violência institucional referida acima, bem como a frequente culpabilização da vítima e humilhação pública.

“O fato de encararmos que também profissionais da saúde podem compor esse problema, nos permite criar estratégias de identificar o fenômeno, de acolher as vítimas, de abordar de forma integral as repercussões na saúde dessas mulheres e de combater a violência de gênero dentro das instituições de saúde. Seguimos na luta”, completa a deputada.

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