O ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto se filiou ao PL em um ato secreto no dia 28 de março. Desde então, está legalmente habilitado para assumir a candidatura a vice Jair Bolsonaro (PL) campanha do presidente da República pela reeleição.
A filiação do general ocorreu sem a ciência até mesmo de líderes do PL, como o vice-presidente da legenda, deputado Capitão Augusto (SP). A entrada no partido é fruto de uma operação capitaneada por Valdemar Costa Neto e pelo próprio Bolsonaro, que querem formar uma chapa pura nas eleições presidenciais.
Por ser militar e, a princípio, fiel ao projeto bolsonarista, Braga Netto é o nome favorito do presidente para acompanhá-lo na disputa por um novo mandato. A ideia é ter o general como uma espécie de “seguro impeachment” em eventual novo governo, apesar da preferência do Centrão por um nome mais ligado ao mundo político.
Braga Netto deixou a chefia do Ministério da Defesa no último dia 31 para cumprir o prazo de desincompatibilização estabelecido pela lei eleitoral. Para não ficar sem cargo, foi anunciado como assessor especial do gabinete pessoal de Bolsonaro. Se realmente quiser concorrer nas eleições, terá de deixar o novo posto três meses antes do primeiro turno, ou seja, até 2 de julho. Já o prazo para se filiar a um partido político e disputar um cargo eletivo neste ano venceu em 2 de abril. Ou seja, o general seguiu a exigência legal para poder entrar na legenda bolsonarista.
A estratégia de Valdemar e Bolsonaro de “esconder” a filiação de Braga Netto foi evitar expor ainda mais a preferência do presidente pelo nome do general para a chapa, embora o próprio chefe do Executivo já tenha afirmado que seu vice será um militar de Belo Horizonte, características do ex-ministro da Defesa. Para um dirigente do PL ouvido pelo Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), “anunciar vice agora é dar munição para a oposição”.
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A assessoria de imprensa do PL confirmou a filiação de Braga Netto, mas não pretende emitir nota oficial ou publicar fotos do ato nas redes sociais. Ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente do PL, deputado federal Capitão Augusto (SP), disse não ter sido informado da entrada de Braga Netto no partido. “Também conversei com dez deputados. Ninguém está sabendo”, afirmou.
A consolidação de uma chapa pura na disputa presidencial, algo inusual, se deu após o Progressistas, partido do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o Republicanos, do pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus Marcos Pereira, mostrarem resistência nos bastidores a filiar Braga Netto.
Alianças
As duas legendas que compõem a aliança governista à reeleição junto ao PL querem fugir da pecha de “bolsonarista”, de olho na possibilidade de outro candidato sair vitorioso nas urnas neste ano, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto. Além disso, o Progressistas tem ligações com partidos de esquerda, como o próprio PT, em Estados do Nordeste.
Braga Netto surgiu como opção de Jair Bolsonaro que há tempos já havia descartado o atual vice Hamilton Mourão para repetir em 2022 a chapa de 2018. Uma série de desentendimentos corroeu a relação entre os dois. (Estadão Conteúdo).
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