A pandemia da Covid-19 foi responsável por inúmeras mudanças radicais na forma em que as pessoas percebem os espaços em que estão, tanto pelo tempo maior em casa, quanto pela necessidade de adequações na rotina para garantir a devida proteção contra o coronavírus. O mercado imobiliário sentiu fortemente essa mudança. Em poucos meses, o comportamento do consumidor mudou e agora espaços maiores e com mais conforto se tornaram a vedete da habitação.
A mudança nas necessidades do consumidor contribuiu até para que as vendas de imóveis fossem alavancadas. Apesar da crise econômica provocada pelo novo coronavírus, o número de vendas de imóveis aumentou nos últimos meses. De acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica, das pessoas que pensavam em comprar um imóvel, 22% efetivaram a compra em junho, seis pontos percentuais superior a março. Mais uma boa notícia deve continuar mantendo as vendas em alta, a nova queda na taxa básica de juros para somente 2% ao ano. Motivo que estimula a comemoração neste 21 de agosto, Dia Nacional da Habitação, o primeiro celebrado em meio à pandemia. Empresas já buscam adaptar seus projetos e criar facilidades para suprir as necessidades de imóveis maiores e adaptáveis às necessidades.
O gerente comercial da Consciente Construtora e Incorporadora, Felipe Melazzo, percebeu que as pessoas têm buscado cada vez mais espaços maiores e mais confortáveis para viver. “A pandemia deixou as pessoas mais em casa e, com isso, elas viram a necessidade de ter um espaço maior para morar, já que elas também passaram a trabalhar em casa”, destaca o gerente comercial. A empresa, que já investia no desenvolvimento de projetos para moradias mais confortáveis e amplas, aumentou suas vendas em quatro vezes no início de agosto em comparação com todo o mês de junho. Um exemplo é o empreendimento Gaia Consciente Home, no Setor Bueno, que oferece sacadas e ampla área de serviços.
Ambientes multiusos
O arquiteto e urbanista, especialista em Novo Urbanismo, Guilherme Takeda, concorda que as pessoas passaram a olhar de uma maneira diferente para a própria casa durante o período de pandemia. “Alguns comportamentos devem se manter mesmo após a pandemia. Uma questão, que sem dúvida deve continuar, é a utilização da tecnologia para o trabalho remoto em casa. Vamos completar quase um ano de trabalho remoto e isso vai criar um comportamento de não precisar se deslocar para resolver alguns problemas”, destaca Takeda. Para ele, as novas tendências do mercado imobiliário devem surgir para atender o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores.
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Para o arquiteto, os imóveis devem assumir uma concepção mais autônoma, já que passamos a fazer a maioria de nossas atividades dentro dos imóveis. “Os espaços das casas vão precisar ter locais multiuso, não só para o trabalho, mas também de trabalhos escolares das crianças e dos adolescentes. A multiplicidade de funções dos cômodos das casas devem ser repensadas, como a sala de jantar, que tinha o intuito único de ser voltado para refeições, mas que se tornaram também escritórios e locais de estudo”, detalha Takeda.
Takeda acredita que essas mudanças fizeram com que os incorporadores buscassem se informar sobre outras áreas que até então eram desconsideradas, como a de comportamento humano. “Essa área já tem se desenvolvido muito, como no varejo, e a questão de discutir os gatilhos mentais e as tendências de comportamento já é recorrente em diversas áreas da economia”, explica. “Os incorporadores viram que não basta apenas passar informações técnicas sobre os empreendimentos, mas também razões emocionais para atingir esse objetivo”, completa.
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