A médica Nise Yamaguchi afirmou, durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que tanto o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, quanto o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, se “equivocaram” ao falar sobre a existência de um decreto para mudar o bula da cloroquina.
Sobre este decreto, ambos os depoentes afirmaram à mesma CPI que o texto sugeria a mudança de bula da cloroquina para incluir a covid-19 nas recomendações de uso do medicamento. Nise negou que esse fosse o caso. “Eu não entendi que havia até aquele momento uma discussão sobre um decreto. Simplesmente estava conversando sobre a questão da cloroquina e a resolução de excepcionalidade. Eu não discuti inserção em bula por decreto em nenhum momento”, declarou a médica.
Nise voltou a afirmar que na reunião que contou com a presença do ex-ministro Mandetta e do presidente da Anvisa, ela apresentou uma minuta que tratava da disponibilização do medicamento durante o período de pandemia. “Não acho que eles tenham mentido”, disse a parlamentar sobre as declarações de ambos. “Acho que eles tenham se equivocado. Acharam que a gente quisesse fazer um decreto da bula e não foi isso que aconteceu”, declarou.
A divergência já tinha sido apontada durante o testemunho da médica. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que quer fazer uma acareação entre Nise e o presidente da Anvisa na comissão.
A médica também foi questionada com relação a seus encontros com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e afirmou que só conversou com ele duas vezes. “Tive duas reuniões com o ministro Pazuello, uma presencial e outra virtual. Muito rápidas. Exatamente discutindo os tratamentos que estavam sendo feitos e em uma delas ele estava querendo conversar com as outras sociedades médicas. Me dispus a trazer as outras sociedades médicas para uma reunião com ele eventualmente”, afirmou a médica.
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Acareação
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou na conta que mantém no Twitter que os vídeos apresentados na sessão desta terça-feira desmentem categoricamente o depoimento de Nise Yamaguchi, o que avaliou como “a primeira acareação da CPI”.
A médica foi confrontada pelo senador Omar Aziz após este ouvir um vídeo no qual a médica defende que não seria necessário uma vacinação “aleatória” da população, desde que ocorra o tratamento precoce para pacientes infectados com a covid-19. O presidente da CPI ainda pediu que as falas da depoente sobre a imunização sejam desconsideradas.
“Ficou comprovado que a doutora presencial é uma e a dos vídeos a desmente categoricamente. Lamento dizer que ela não foi verdadeira. Por mais suave que tenha sido, suas palavras feriram os fatos”, afirmou o relator em publicação no Twitter. (Por Matheus de Souza, Pedro Caramuru, Amanda Pupo e Bruno de Castro/Estadão Conteúdo)
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