A pandemia do novo coronavírus causou sério impacto na atividade econômica. Uma pesquisa da consultoria Falconi feita em maio deste ano com 408 empresas brasileiras, de micro a grande porte, revelou que deste total, 25% não tiveram faturamento algum desde a quarentena, e outros 25% das empresas tiveram queda superior a 50% na receita.
De acordo com Cidinaldo Boschini, diretor da Cronos Capital e especialista em ativos estressados e recuperação judicial, o estudo revela um quadro de inadimplência praticamente inevitável para os próximos meses. “Temos um cenário futuro que irá exigir das empresas muita resiliência e planejamento”, afirma.
Segundo o especialista, no atual momento em que empresas começam a retomar suas atividades após três, quatros meses de portas fechadas é preciso que seus gestores analisem com profundidade o impacto da queda de faturamento no negócio, e assim projetar possíveis cenários (pessimista, provável e otimista) para um período de três a seis meses, buscando sempre cortar custos e ficar de olho no fluxo de caixa e na liquidez.
De acordo com Cidinaldo, saber renegociar é uma habilidade que um bom empreendedor deve dominar, especialmente em momentos como o atual, em que muitos estão vendo seu faturamento cair, ou mesmo zerar, devido às medidas de isolamento social.
Por isso Cidinaldo Boschini, que tem mais de 15 anos de experiência na área de reorganização empresarial, tendo realizado mais de 90 projetos nesta área em todo o Brasil, renegociando mais de R$ 15 bilhões de dívidas no período, traz cinco dicas importantes para sua empresa conseguir caminhar por caminhos difíceis nos próximos meses, confira:
- Sempre busque uma negociação viável ao momento financeiro em que sua empresa passa. Não adianta você fazer uma negociação só para limpar logo o nome de sua empresa ou para agradar os credores, se a parcela do débito não couber no seu fluxo de caixa, essa negociação feita poderá se tornar um problema ainda maior no curto e médio prazo;
- Busque negociar primeiramente com os fornecedores, principalmente aqueles que fornecem insumos e serviços essenciais para a manutenção do seu negócio. Inclusive, antecipando essa renegociação, você conseguirá melhores condições e evitará execuções judiciais e extrajudiciais, que são muito mais duras;
- Fique de olho nos programas de Refis para renegociação de impostos e tributos, municipais, estaduais e federais. Até mesmo em virtude da situação de pandemia, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), desde março, vem adotando medidas para amenizar o impacto das obrigações tributárias no orçamento das empresas, com protelação, descontos e outras medidas. Mas avalie também o que é mais viável, lembre que ao protelar você só estará adiando o problema;
- Depois de renegociar com fornecedores, rever com os bancos os contratos de empréstimos que possam existir é outra prioridade. Procure carência para voltar a pagar principal e juros, assim como reduzir as taxas de juros na renegociação. Procure também negociar com outros bancos a portabilidade do empréstimo caso consiga melhores condições de renegociação;
- A recuperação judicial pode sim ajudar empresas que estão em situação difícil e que sejam viáveis operacionalmente mas devido ao tamanho da dívida, não conseguem cumprir com o pagamento do principal e juros da dívida. Procure um especialista na área para analisar a situação da sua empresa e a viabilidade de um processo de Recuperação Judicial. Analise o custo projetado e compare com os benefícios projetados.
- Outro ponto relevante. Caso você empresário disponha de bens imóveis para venda, importante realizar a venda dos mesmos e ter liquidez para enfrentar o momento de estresse financeiro em suas operações. Não venda bens imóveis para pagar dívidas. Venda bens imóveis para gerar caixa para sua operação, ou seja, para o seu capital de giro. Credores, sejam eles bancos ou fornecedores, devem passar por renegociações para pagamentos com carência e prazos alongados.
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