Insatisfeitos com a gestão da pandemia tocada pelo governo federal, manifestantes foram às ruas de Goiânia na manhã deste sábado (29/05) em protesto contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A concentração em Goiânia, aconteceu 9h na Praça Cívica. Outras cidades do interior goiano, além de diversas capitais brasileiras também estarão em protesto. O itinerário da caminhada passou pela Avenida Araguaia, cruzando a Anhanguera com destino à Praça do Trabalhador. “Precisamos ir às ruas porque o governo hoje está mais letal que o próprio vírus. O governo está trazendo mais riscos que o proprio coronavírus”, destacou a presidente da União Estadual dos Estudantes em Goiás, Thaís Falone.
Na pauta, além da gestão da pandemia, tida por alguns manifestantes como fracassada por conta das quase 460 mil mortes registradas até aqui e também da demora em negociar as vacinas contra a Covid-19, estão o sucateamento das Universidades Federais e um auxílio emergencial maior.
Várias entidades suprapartidárias estão envolvidas no ato. Todas pedem para que os manifestantes possam ir com máscara PFF2, que permite uma filtragem de 94%. Aqueles que não possuem, são orientados a ir com duas máscaras – uma cirurgica e de pano – pois também possuem alta eficiência. O distanciamento físico também é destacado. O Diário de Goiás acompanha durante todo o dia os atos em Goiânia, Goiás e no Brasil.
Uma das organizadoras do evento, Manu Jacob, candidata a prefeita em Goiânia pelo PSOL nas eleições em 2020 garante que há novas datas num futuro próximo para outros protestos. “Existe um calendário de lutas. A próxima data, vai depender do balanço desse ato, mas temos um calendário de lutas que vai ser divulgado na mídia e inclusive com o avanço da vacinação que a gente avalia que ainda está lenta, mais pessoas vão aderir ao movimento”, explica em entrevista ao Diário de Goiás.
Estimativa que 15 a 20 mil pessoas foram às ruas
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A estimativa dos organizadores é que o ato tenha colocado nas ruas entre 15 a 20 mil pessoas. Segundo a presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) a manifestação foi um sucesso. “Foi gigante mesmo de forma muito pacífica e tranquila. Nós paramos o trânsito”, destacou em entrevista ao Diário de Goiás. Tudo feito para minimizar quaisquer impactos da pandemia. “A gente fez o possível para respeitar as normas sanitárias. Inclusive, nós do Movimento Estudantil organizamos as brigadas de saúde que são pessoas responsáveis para falar para as pessoas utilizarem máscaras, fiscalizando o distanciamento social, essas pessoas estavam portando álcool em gel e álcool spray 70 para passar nas mãos de todo o mundo que estava no ato.”
A tendência agora, de acordo com Falone, é que os movimentos sindicais e estudantis organizem novas rodadas de manifestações Goiás adentro. “As ruas nunca foram palco da direita nem dos bolsonaristas. As ruas sempre foram nossas. A gente quer voltar mesmo para as ruas. Estamos já pensando no encaminhamento de datas para mostrar mais uma vez para a população, o que esse governo tem feito. Hoje, Goiânia deu a resposta e mostrou que existe gente de verdade que acredita na vida, na vacina e que pode-se ter um governo melhor e um país melhor”, destacou.
‘Governo mais letal que o vírus’
Falone avalia o cenário como catastrófico. Em meio a quase 460 mil vidas perdidas pela Covid-19, cortes de orçamento das universidades públicas e uma reforma administrativa em tramitação no Congresso Nacional. Acrescente aí, uma negociação que demorou a ser concretizada para aquisição de vacinas, demorando a imunização da população brasileira. Essa cena impulsionou à ida as ruas, mesmo em meio à pandemia, de acordo com Thaís. “Não dava mais para ficar em casa vendo todo esse estrago”, destacou.
“As pessoas foram as ruas hoje e nós que somos dirigentes de entidades sindicais e estudantis e movimentos organizados entendemos que não dava mais para segurar. Precisamos ir às ruas porque o governo hoje está mais letal que o próprio vírus. O governo está trazendo mais riscos que o proprio coronavírus. Esse governo que está apresentando o menor orçamento para as universidades públicas e educação. Esse governo que está passando a PEC 32 da reforma administrativa, que negou 11 vezes a compra de vacinas e que matou mais de 450 mil pessoas. A gente precisa tirar esse presidente antes de 2022 senão os estragos serão maiores para o nosso país. Por isso hoje fomos para as ruas, porque esse governo está mais perigoso que o vírus”, concluiu.
O apoio, inclusive, pôde ser visto por meio do apoio que os lojistas que estavam trabalhando nos estabelecimentos abertos puderam demonstrar. “Foi incrível ver o apoio da população e dos trabalhadores. As pessoas do comércio aplaudindo querendo, de fato, fazer parte daquilo e entendendo nossas bandeiras.”
(Matéria atualizada às 13h47 do sábado (29/05))