As restrições ao ensino presencial, imposta para conter a disseminação da Covid-19, fizeram os cursos superiores na modalidade a distância ganharem força. É o que aponta um estudo Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
Segundo o levantamento, apenas 7% dos futuros alunos entrevistados disseram que pretendem iniciar um curso presencial ainda em 2020. No caso do ensino a distância, o percentual vai a 30%. Entre estudantes matriculados atualmente, 45% afirmaram que seguirão os estudos independente do cenário do ensino presencial. No ensino a distância, esse número sobe para 60%.
Para não interromper as aulas, as faculdades migraram as disciplinas para modalidades remotas. Entre os estudantes de cursos presenciais, 82% disseram que estão tendo aulas a distância. De acordo com o estudo, embora 67% avaliem como positiva a experiência com ensino a distância, 73% manteriam a decisão pelas aulas presenciais. Apenas 3% disseram que migrariam definitivamente para a modalidade a distância.
Para o presidente da Abmes, Celso Niskier, a pandemia acelerou um processo que já vinha ocorrendo na educação superior, que é um aumento do ingresso de novos estudantes na modalidade a distância. De acordo com a Abmes, o Brasil terá mais alunos do ensino superior estudando na modalidade a distância do que na presencial em 2022. Antes, a projeção da entidade é que isso ocorreria em 2023.
O levantamento foi feito em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. Ao todo, foram entrevistados 644 estudantes e 963 potenciais alunos entre os dias 28 e 31 de maio.
Desistência
Quase a totalidade dos estudantes matriculados no ensino superior privado querem continuar os estudos, no entanto, cerca da metade, 42%, afirma que há um risco de ter que desistir. O principal motivo para o possível abandono é não conseguir pagar as mensalidades, seja porque o emprego foi afetado pela pandemia do novo coronavírus, seja porque os pais ou responsáveis não conseguirão arcar com os custos.
Dentre os estudantes matriculados, 52% disseram querer continuar estudando não importa o cenário. Essa porcentagem caiu em relação a primeira etapa da pesquisa, realizada em março, quando era 57%. Outros 42% dizem querer continuar estudando, mas reconhecem que há risco de desistirem. Esse percentual era 37% em março. Outros 4% disseram que provavelmente irão desistir do curso e 2% que irão desistir por conta do cenário atual.
De acordo com a pesquisa, o emprego ser afetado pela pandemia pesa como fator de decisão para deixar os estudos para 60% dos entrevistados. Já a dificuldade dos responsáveis arcarem com os custos pesa para 22%. Apenas 8% dizem que pretendem desistir porque a faculdade não migrou as aulas para o ensino a distância.