Destaques • atualizado em 20/12/2020 às 14:07

Presidente do SET defende novas formas de receitas: “Se nós tivéssemos fontes extra-tarifárias, a gente não estaria numa situação tão grave”

O Terminal Praça A até tinha algumas pessoas porque o Eixo não parou, mas ônibus que é bom, nada...
O Terminal Praça A até tinha algumas pessoas porque o Eixo não parou, mas ônibus que é bom, nada...

O transporte público parou na região metropolitana de Goiânia e os gestores e especialistas tentam buscar soluções para o futuro. O debate de novas fontes tarifárias precisa voltar à pauta do poder público. Em entrevista ao Diário de Goiás, o presidente do SET, Adriano de Oliveira, pontua que não há lugar no mundo em que o transporte coletivo consiga sobreviver – com qualidade – apenas financiado com a tarifa de quem utiliza o serviço. Potências liberais europeias, por exemplo, tendem a subsidiar a operação. Na França, a tarifa do usuário paga apenas 40% de todo o sistema. O restante, é vindo de formas criativas que o governo encontra para custear o serviço.

“O transporte é muito importante para a cidade. Não existe cidade nenhuma no mundo, nem cidades mais desenvolvidas com sociedades muito mais ricas do que a nossa conseguem conviver sem transporte público. Ele é importantíssimo para as cidades e ele é viável sim, mas para ele ser viável, temos que ver ele como um transporte que precisa ser subvencionado”, explica Adriano.

Nessa linha, Adriano sustenta que para que o transporte tenha a aprovação da população e adesão maior de passageiros é necessário colocar em pauta este debate. “Infelizmente, o transporte não sobrevive com qualidade só com a tarifa, não existe sistema nenhum no mundo que somente com tarifa consegue ter um sistema de transporte de qualidade com aprovação da população e da sociedade de maneira geral, dos usuários e poder público.”

Segundo o presidente do SET, essa agente já foi colocada em pauta em Goiânia, mas a pandemia acabou minimizando os debates em torno da questão. Por outro lado, defende que se novas fontes tarifárias já tivessem sido implantadas, o cenário não estaria tão caótico como se apresenta. “O que precisamos urgentemente de fazer, é criar fontes alternativas para financiamento do transporte público. Essa é a agenda que já foi debatida. O presidente da CMTC [Benjamin Kennedy] trabalhou muito isso no ano passado. Infelizmente, com a pandemia isso não foi possível. Se nós tivéssemos fontes extra-tarifárias como tem no sistema de São Paulo, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte ou mesmo no sistema de Vitória e Cuiabá a gente não estaria numa situação tão grave como estamos aqui que é mantido exclusivamente com a passagem.”

O transporte coletivo continua parado

Leia Também

O transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia continua parado na manhã deste domingo (20), segundo informou o sindicato que representa as empresas concessionárias do serviço.

Das cinco operadoras do transporte, somente a Metrobus, que pertence ao Estado, está trabalhando normalmente. As quatro concessionárias privadas (Cootego, HP, Rádio Araguaia e Reunidas) não operam. Os motoristas estão na garagem, mas não saíram para rodar.

De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano e Passageiros da Região Metropolitana de Goiânia (SET), os motoristas cobram o 13º salário e o pagamento atrasado de novembro.

Rodada de reuniões irá acontecer esta semana


Uma reunião entre as empresas e a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) aconteceu na manhã deste domingo (20/12). Segundo o órgão gestor, uma proposta foi sugerida, mas não acatada pelas operadoras que entendem que a atual gestão do município deve tomar partido com o ‘custo do déficit’ acumulado. A CMTC ‘levou a proposta da prefeitura de Goiânia de repassar aproximadamente R$ 1,8 milhão às empresas, sendo esse aporte financeiro valendo a partir deste mês de dezembro’. A nova gestão da capital capitaneada pelo prefeito eleito Maguito Vilela (MDB) e o vice Rogério Cruz (Republicanos) toparam fazer o acordo. As empresas querem garantias da atual administração, gerida por Iris Rezende (MDB). 

Uma nova rodada de reuniões deverá acontecer ainda esta semana.

Veja o comunicado à imprensa na íntegra:

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos- CMTC- como órgão gestor do sistema de transporte público coletivo- realizou no fim de semana várias reuniões  com representantes da Prefeitura de Goiânia e das empresas que operam o transporte público coletivo em Goiânia e região metropolitana, visando solução à crise instalada no serviço e que provocou, neste fim de semana, a paralisação do serviço  por parte de motoristas, funcionários de garagens e do administrativo de quatro empresas concessionárias. Participaram das tratativas o presidente da CMTC, Benjamin Kennedy Machado da Costa, o diretor Técnico da CMTC Murilo Ulhôa, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte (SET), Adriano Oliveira e representantes das operadoras.

A CMTC levou a proposta da prefeitura de Goiânia de repassar aproximadamente R$ 1,8 milhão às empresas sendo esse aporte financeiro valendo a partir deste mês de dezembro, para os meses seguintes (janeiro a junho) a próxima administração faria o repasse de uma parcela do déficit operacional  mensal das empresas, déficit esse que tem valores variados. A nova administração aceitou fazer o repasse mas não houve acordo por parte das empresas,  elas entendem que a atual gestão deve também assumir o custo do déficit acumulado desde abril de 2020. Ao final da reunião de hoje (20) ficou acertado que as empresas buscariam meios para que o serviço de transporte volte a operar amanhã sem prejuízo ao usuário, e uma nova rodada de negociações será iniciada com a nova gestão municipal  de Goiânia e demais municípios   a partir de 1º de janeiro de 2021. 


Leia mais sobre: Destaques / Goiânia / Notícias

Recomendado Para Você