O Mataboi Alimentos, companhia de abate de bovinos e comércio de carnes, pertencente à JBJ Agropecuária, empresa de José Batista Júnior (conhecido como Júnior Friboi) desde o final de 2014, com unidades em Araguari (MG) e Santa Fé de Goiás (GO), chega ao fim de seu processo de recuperação judicial. A empresa ingressou com o pedido de recuperação há 6 anos, após dificuldades de renegociação de suas dívidas com bancos e fornecedores. Ao final de 2014, a JBJ Agropecuária adquiriu o Mataboi, assumindo uma dívida de R$ 480 milhões.
A chegada da JBJ trouxe uma nova perspectiva e esperança aos mais de 2.300 colaboradores e também ao Administrador JudicialFernando Borges, nomeado para esta função, que já em 2016 relatava:
“A empresa reestruturou sua operação e ganhou eficiência em suas atividades no ano de 2015. São nítidos os resultados alcançados através do reequilíbrio entre receitas e despesas. Quanto à estrutura administrativa da empresa, a reestruturação empreendida pela nova gestão permitiu estabelecer novas perspectivas para o futuro. Essas frentes de trabalho permitem atacar simultaneamente diversos problemas setoriais, trazendo melhor desempenho aos processos da Recuperanda. Quanto às regiões onde estão instaladas as plantas industriais, a empresa está estrategicamente ao lado do pecuarista, o que lhe traz grande diferencial competitivo. No que tange aos colaboradores, a empresa vem realizando várias ações para diminuir a rotatividade de pessoal, inserindo em seu cotidiano melhorias nos programas contra acidentes de trabalho. A empresa tem investido em treinamentos e tem buscado agora reforçar seu código de ética e conduta.”
Estratégias adotadas
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De acordo com diretor presidente do Mataboi, José Augusto de Carvalho Junior, o processo de recuperação da empresa tomou força em função das novas estratégias adotadas e à aplicação de esforços concentrados. “A chegada da JBJ fez tudo mudar. A ousadia do empresário José Batista Junior que, a despeito da situação pré-falimentar do Mataboi, adquiriu a empresa, aportou capital e deu uma nova vida à empresa em termos de profissionalização da gestão”, afirma José Augusto.
A JBJ trouxe não apenas capital para a retomada, mas também um novo formato de operação e valores comportamentais, aumentando a transparência junto aos credores e promovendo uma maior integração com todos os colaboradores. “Houve melhoria na infraestrutura, na produção e readequação de políticas comerciais, melhorando o faturamento e o resultado financeiro. A empresa também aumentou a participação no mercado internacional, conseguindo habilitações em novos países e mercados. Beneficiado com a alta do dólar houve crescimento no volume de carne exportada. Atualmente, cerca de 70% da produção é destinada ao mercado internacional”, conta o presidente.
Desafios
De acordo com José Augusto, o Mataboi vinha perdendo fôlego desde a aprovação da recuperação judicial. “Em 2014 houve uma entrada forte de capital, proveniente a créditos fiscais, mas não foi suficiente para que a empresa conseguisse enfrentar a situação que se deteriorava. A única solução que poderia viabilizar a continuidade da operação seria a venda de participação acionária, mas também muito difícil, pois pouca gente se aventurava a ser sucessor de tantos problemas”, explica.
José Augusto conta ainda que além dos fornecedores restringirem o prazo de pagamento e os bancos não concederem empréstimos, o mais difícil em uma recuperação judicial é fazer frente às novas obrigações e ao mesmo tempo manter em dia o parcelamento das dívidas do passado. “Isso onera demais a empresa que, sem novas linhas de financiamento, muitas vezes não consegue sobreviver”, diz.
Outro desafio enfrentando, já na nova gestão, foi em meados de 2016, quando um incêndio destruiu boa parte da unidade em Araguari, descapitalizando a empresa em mais de R$ 70 milhões e reduzindo seu faturamento na ordem de R$ 500 milhões naquele ano.
O fim da recuperação judicial, bem como a reconstrução do Mataboi após o incêndio, não teriam acontecido se não fosse a total dedicação dos funcionários. “A possibilidade do fechamento do Mataboi gerou uma grande comoção, tanto no momento do pedido da recuperação judicial, quanto na época do incêndio. Felizmente, conseguimos manter os empregos durante todo este período. Temos colaboradores que estão no Mataboi há anos, vários têm filhos e até netos na empresa. Graças à aquisição da JBJ, o Mataboi conseguiu se manter no mercado, preservar os empregos e se destacar no setor de processamento de carne. Sem a JBJ, o Mataboi não existiria mais”, enfatiza José Augusto. (Com informações da Assessoria da JBJ)
Mataboi em números:
Área total unidade em Araguari: 23 mil m²
Área total unidade em Santa Fé de Goiás: 30 mil m²
Geração de empregos: 2.300
Dívida 2014 (anterior à aquisição da JBJ): R$ 480 milhões
Dívida junho 2017: R$ 281 milhões
Faturamento bruto mercado interno
1º semestre 2016: R$ 306 milhões
1º semestre 2017: R$ 344 milhões
Faturamento bruto mercado externo
1º semestre 2016: R$ 440 milhões
1º semestre 2017: R$ 590 milhões
Faturamento líquido total
1º semestre 2016: R$ 728 milhões
1º semestre 2017: R$ 908 milhões
Faturamento estimado em 2017: R$ 2 bilhões
Volume de carnes e miúdos: 12 mil toneladas/mês
Investimento estimado em 2017: cerca de R$ 12 milhões
Capacidade: 2 mil cabeças/dia
Exportações
Início das exportações: 1991
Primeiro semestre de 2017: US$ 185 milhões
Primeiro Semestre de 2016: US$ 118 milhõesMarket Share de exportação: 7,2%