Destaques • atualizado em 13/06/2021 às 11:52

Eventos adversos não são exclusividade de vacinas contra a Covid-19

(Foto: SMS/Goiânia)
(Foto: SMS/Goiânia)

Durante a semana, uma leva de queixas e comentários sobre eventos adversos provocados sobre a vacina contra a Covid-19 – em especial a AstraZeneca – foram publicados. Somado à isso, uma onda de fake news a respeito dos imunizantes também tornou-se comum nas correntes de WhatAspp.

Em primeiro lugar é bom deixar claro: reações adversas sejam elas pequenas ou um pouco mais fortes são comuns quando se toma qualquer imunizante. “Todas as vacinas podem causar efeitos adversos, dor no local, dor no corpo leve, febre baixa. As vacinas podem ter esses efeitos. Mas são raros e leves, na maioria resolve em 24 a 48 horas pela própria forma de produção da vacina, que são vírus atenuados ou inativados. Não vai desenvolver a doença”, explica a infectologista Ana Rachel de Seni Rodrigues, que atua no Hospital São Francisco de Araraquara.

Ela explica que as correntes de notícias falsas tem prejudicado muito o processo de imunização. “Nós tivemos uma disseminação das fake news falando sobre a trombose, mas existem estudos que indicam uma porcentagem muito pequena. Até os países sérios que suspenderam o uso dela retornaram sua utilização”, pontua. 

De fato, em uma população de mais de 17 milhões de vacinados na Europa, a agência europeia de regulação de medicamentos (EMA – European Medicines Agency), o equivalente a Anvisa para o continente europeu, que chegou a suspender temporariamente a vacinação da AstraZeneca, constatou que existe uma possível reação à vacina de Oxford, mas com ocorrência de 0.00018%.

A dor da reação à vacina não é nada perto dos colaterais de pegar a própria doença. “A trombose é 0,000018% e num paciente internado a chance de ter uma trombose chega a 20%. Sem contar nas reinternações das pessoas que desenvolvem uma embolia pulmonar, um AVC, por exemplo”, pontua.

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Vacinação em massa evita o avanço e criação de variantes

O infectologista Marcelo Daher alerta para o risco de se não se tomar o reforço às doses das vacinas. O Brasil, neste cenário, pode se tonar celeiro de novas variantes e os imunizantes são uma boa proteção nesse sentido. “As vacinas já tem uma proteção boa, mas o que mantém a proteção alta, são as duas doses. E com a variante Delta que é a indiana que está circulando, no Reino Unido e nos Estados Unidos já representam 3% das variantes, provavelmente no Brasil não é diferente. As duas doses são muito mais importantes porque com uma dose só a proteção contra a variante é de 30% e as duas doses garantem a proteção acima dos 70%”, destaca.

Para o infectologista, não faz sentido deixar de se imunizar contra a Covid-19 neste momento. “Agora fica uma discussão em cima da vacina contra o Covid. Uma doença que está matando muita gente, cujo efeito colateral é leve perto do que é a doença e do que ela causa, uma discussão que até então ninguém fazia.”

Vacinas contra a Covid-19 não possuem ímãs nem causam magnetismo

Autoridades sanitárias também alertam para o movimento de fake news em torno do assunto. Vídeos que viralizaram nas redes sociais e em aplicativos de mensagens alegam a presença de magnetismo em pessoas que receberam vacinas contra o novo coronavírus. Outras versões afirmam que os imunizantes contêm ímãs. As informações contidas nos vídeos são falsas e não possuem qualquer respaldo científico. 

As vacinas contra a Covid-19, possuem apenas componentes necessários para gerar resposta imune e manter a qualidade do produto. No caso da vacina do Butantan em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac não apresenta componentes magnéticos em sua formulação. O hidróxido de alumínio, componente adjuvante, é seguro, aprovado e utilizado há décadas, além de não causar problemas de saúde, o mesmo se dá com a vacina da AstraZeneca produzida em conjunto com o Instituto Fiocruz e a Universidade de Oxford.

Segundo o diretor de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Ricardo Palacios, materiais paramagnéticos como o alumínio fazem parte da composição do corpo humano e só podem ser influenciados magneticamente por forças muito potentes, como as usadas nos aparelhos de ressonância magnética nuclear. 

“Em situações cotidianas, as pessoas não se expõem a essas grandes forças magnéticas. A quantidade de alumínio existente na composição do corpo humano e a exposição diária por ingestão é muito maior que a administrada na vacina, que não é capaz de alterar significativamente a proporção de alumínio de uma pessoa”, explica Palacios. 

Há algumas explicações possíveis para que uma moeda grude na pele do indivíduo nos vídeos que têm circulado. Entre elas, a presença de oleosidade na pele, resquícios de cola dos curativos e até truques de imagem. O conteúdo também foi alvo de checagem em outros idiomas e as conclusões apontaram a não veracidade da informação repassada.


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