Destaques • atualizado em 02/06/2020 às 15:15

Estudante formado aos 80 anos na UEG

José Gomes Ferreira: Colação de grau conseguida aos 80 anos, em Uruaçu (foto divulgação UEG)
José Gomes Ferreira: Colação de grau conseguida aos 80 anos, em Uruaçu (foto divulgação UEG)

O sonho de concluir o curso de História será realizado pelo senhor José Gomes Ferreira, de 80 anos, na noite desta terça-feira, 2, no Câmpus Norte da Universidade Estadual de Goiás, sediado em Uruaçu. A colação de grau, que acontecerá às 20 horas, junto com o curso de Ciências Contábeis, será realizada virtualmente, por conta da pandemia de coronavírus. “Sonhei com uma formatura presencial, mas essa doença não permitiu”, diz resignado o mais novo historiador, que será o orador da turma.

Quando chegou ao Câmpus Norte há quatro anos, o senhor José se sentiu um pouco tímido, pois iria conviver com pessoas mais jovens. “Logo isso passou, pois fui muito bem recebido por todos na Universidade”, explica. Para concretizar o desejo de dar continuidade aos estudos, ele viajava 176 km todos os dias em transporte que tinha um custo de quase 300 reais por mês.

José Gomes Ferreira formou-se aos 80 anos em História na Universidade Estadual de Goiás
José Gomes Ferreira: Colação de grau conseguida aos 80 anos, em Uruaçu (foto divulgação UEG)

Muito feliz com a conquista, José Gomes tem um recado para os mais jovens: “Não desistam dos sonhos. Tentem, tentem, tentem. Se for pra desistir, nem tentem”.

Início

A história desse senhor tem início lá nos idos do ano de 1939, no interior de Minas Gerais. Foi para a escola com treze anos, mas só ficou lá cinco meses, tempo suficiente para aprender a ler, escrever e fazer as contas, segundo ele. O destino o trouxe para Goiás na década de 60. Morou em Barro Alto e em 1977 mudou-se para Niquelândia, onde reside até hoje. Na cidade, o aposentado atuou como radialista em duas emissoras, com programas que falavam de esperança e de histórias.

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Cinquenta e um anos depois de ter deixado os estudos, lá estava ele novamente num banco escolar. Entrou para a Educação de Jovens e Adultos e, aos 64 anos, concluiu o Ensino Médio. 

Mais uma pausa. Mas no horizonte estava o curso de História, que iniciou em 2016. O coordenador do Câmpus Norte, professor Edson Arantes, explica que tudo foi feito para incluir o senhor José e fazer com que ele se sentisse acolhido naquele ambiente. “Todas as nossas atividades de ensino e aprendizagem eram pensadas de forma a incluí-lo, para que tivesse um aprendizado significativo”, diz. Para o coordenador, é um orgulho muito grande em saber que a UEG tem esse papel de inclusão, de trazer para a vida ativa pessoas que estão à margem da sociedade.

Depoimentos

Os professores do curso de História são unânimes em relatar a assiduidade e a participação do aluno octogenário. “A cabeça dele não para, está sempre pensando, querendo aprender, querendo participar e isso é muito impressionante e muito gratificante de ver”, relata a professora Aline do Carmo.

Para o professor Neilson Silva Mendes, era preciso paciência com os limites dele. “Muito bom ter alunos como ele, cuja sede de conhecimento é uma inspiração para qualquer professor”, salienta. “Sua lucidez, a capacidade de ler o cotidiano, o olhar poético sobre a vida tornava a relação de ensinar e aprender uma troca muito rica para mim”, destaca.

O professor Manoel Gustavo de Souza Neto enaltece a assiduidade e a participação ativa do senhor José Gomes nas aulas. “Ele sempre foi assíduo e muito interessado, nunca deixou de pontuar as aulas com indagações ou colocações fundamentadas em sua experiência de radialista. Foi uma honra ter sido seu professor. Aprendi muito”, diz Manoel.

Agora que concluiu o curso, o novo historiador tem outro sonho em mente: escrever um livro. Ele entende o amanhã como uma página em branco, pronta para ser escrita. “O dia de amanhã ninguém usou, ele é nosso”, filosofa. (Com informações da Comunicação Setorial UEG)


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