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Fazendo animação na pandemia: O Menino que Sonhava Bola e Bolava Sonhos

Ricardo Edilberto e Myrna de Fátima, diretores do filme “O menino que Sonhava Bola e Bolava Sonhos” (Foto: Mylena Avien)

Animação na Pandemia. Com esse título, pode até parecer que estamos falando de pessoas que estão “uhuu!”, curtindo a pandemia na maior agitação. Muito pelo contrário, desde que essa história do novo coronavírus começou, o casal Myrna de Fátima e Ricardo Edilberto estão de quarentena, saindo basicamente para prestar algum tipo de auxílio a familiares. A animação nada mais é do que o filme O Menino que Sonhava Bola e Bolava Sonhos que, na medida do possível, os dois estão produzindo.

O filme foi aprovado do Edital do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás e a realização será assinada pela REP Comunicação e Produções Culturais. Com a pandemia e toda a problemática social em decorrência dela, a previsão de finalização, que era para esse ano, ficou mesmo para 2021. O casal conta que, desde que a quarentena começou, muitos fatores impediram que os trabalhos caminhassem normalmente, como a falta de material no mercado, serviços que ficaram fechados, impossibilidade de se reunirem com outros profissionais e até mesmo questões psicológicas.

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“O trabalho de desenhar e animar um filme exige muita concentração e um certo isolamento, mas estar em quarentena por um fator alheio às nossas escolhas nos afeta psicologicamente, tanto pelo distanciamento social, quanto por não podermos contar com alguns serviços externos, por exemplo, o escaneamento de grandes formatos. Como meu scanner é pequeno, tive que repensar minha metodologia de trabalho para não prejudicar a qualidade das imagens: a cabeça de Mané, nosso personagem principal, em apenas uma posição, precisou ser desenhada em doze fragmentos.” explica Myrna, que ilustra, anima e dirige o filme.”

Ricardo, que também assina a direção, além de ser o produtor e o roteirista, revela que, com o fechamento dos mercados, ficou praticamente impossível encontrar material adequado. “Nosso filme tem uma pegada mais autoral. É todo desenhado à mão. Então, se faltam materiais como papéis e lápis de cor profissionais, por exemplo, a sequência do trabalho fica toda prejudicada”. Ele conta que às vezes fica o dia inteiro ligando de papelaria em papelaria para tentar achar um determinado material. Quando perde as esperanças encomenda, mas as fábricas também ficaram fechadas e aí: “Tem uns lápis de cor profissionais, por exemplo, que fiz o pedido há uns dois meses… Até agora, nada”.

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Enredo 

Com relação ao enredo do filme, existe uma coincidência, no mínimo interessante, com esses tempos de pandemia: ele é sobre um garoto que fica o tempo todo dentro de um quarto tendo pesadelos com uma bola de futebol. “Em seu quarto, Mané vive, em sonhos e pesadelos, aventuras surreais com sua bola e outros elementos de sua memória. A pandemia também obrigou as pessoas a ficarem, entre suas paredes, sonhando com abraços e realizações bem longe do claustro.” comenta Myrna, que apesar de toda essa situação se mostra feliz por poder trabalhar com o que gosta de fazer.

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 “Estou muito contente de fazer esse filme com o Ricardo, tanto pelo que o filme representa, quanto pelo prazer de trabalhar com quem tenho perfeita sintonia. Sou grata a ele por confiar em mim, inclusive para a direção conjunta do filme, possibilitando-me a liberdade de desenvolver e até mesmo criar, em certos aspectos, alguns métodos e técnicas muito úteis para realizarmos o filme”, conclui. (Com texto de Carlos Pereira)

Categorias: Cultura
Tags: Animação
Altair Tavares: