Cultura • atualizado em 19/02/2023 às 14:35

Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho são homenageados em primeiro dia de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro

(Foto: RioTur)
(Foto: RioTur)

Os desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro vão começar, neste domingo (19/02), com tributos a duas figuras emblemáticas e queridas do samba carioca: Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

O Império Serrano será a primeira escola a desfilar, e trará a homenagem ao compositor e cantor de sambas icônicos Arlindo Cruz. Entre suas obras mais famosas está a canção Meu Lugar, em que o sambista exalta o bairro de Madureira, terra natal da verde e branco, que ainda é citada na letra da música.

O carnavalesco Alex de Souza é o responsável pelo desenvolvimento da homenagem, que marca a volta do Império Serrano ao Grupo Especial, depois de ter sido campeão da Série Ouro.

“O desfile conta a trajetória musical de como ele se transformou nesse grande compositor e intérprete”, explica Souza. “Mostramos, a partir da música Meu Lugar, tudo que é relacionado à história dele. Os lugares de Arlindo”.

Escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a Grande Rio vai trazer Zeca Pagodinho para a avenida. O sambista é famoso por promover churrascos em Xerém, bairro de Caxias, e seu repertório também fará parte do desfile, com versos em referência a hinos como Deixa a vida me levar e Quando a gira girou.

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A cerveja, marca dos shows de Zeca Pagodinho, também não vai ficar de fora do desfile, assim como sua devoção por São Jorge e Ogum, entidades celebradas nas religiões de matriz africana e na Igreja Católica. A trajetória do cantor vai ser contada desde seu passado, quando foi feirante e apontador do jogo do bicho.

Bahia na Sapucaí

A noite deste domingo também terá como grande homenageada a Bahia, presente nos enredos da Unidos da Tijuca e da Mangueira. A Tijuca fará carnaval sobre as águas da Baía de Todos Santos, que banha Salvador, enquanto a Verde e Rosa vem para a Sapucaí com o enredo As Áfricas que a Bahia canta, tratando da ancestralidade negra na terra em que nasceu o samba, que, segundo a Mangueira, “foi morar onde o Rio é mais baiano”.

A Unidos da Tijuca será a terceira escola a entrar na avenida e contará toda a história que se passou na Baía de Todos os Santos, terra dos indígenas tupinambás, da primeira capital do Brasil Colônia, lugar de muita resistência e de uma rica contribuição para a cultura nacional. O samba da escola promete “um banho de axé, para purificar, um banho de axé, nas águas de Oxalá”.

Já a Mangueira pretende focar na construção da musicalidade e das instituições carnavalescas negras, processos que tiveram protagonismo de mulheres negras nas lutas contra intolerância, racismo e pelo fortalecimento da identidade afrobrasileira. A história do carnaval e a trajetória de luta por dignidade e direitos antes e depois da abolição se misturam no desfile e chegam aos blocos afro da atualidade.

O Salgueiro também atravessa a Marquês de Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial e traz sua cor em destaque no enredo Delírios de um Paraíso Vermelho, que fala sobre liberdade e imagina os tambores de sua bateria substituindo as trombetas do apocalipse na chegada de um paraíso sem culpa e moralismos. O desenvolvimento do tema fica a cargo do carnavalesco Edson Pereira, que preparou um desfile com referências religiosas, como a maçã de Adão e Eva, vermelha, e imagina um novo Éden, em êxtase, como uma interminável noite de carnaval.


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