Numa entrevista com autocrítica profunda, o presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, avaliou o processo eleitoral no Estado e no Brasil. As ideias foram divulgadas no domingo, antes da apuração, pela Rádio Bons Ventos 107,3 FM, a Alípio Nogueira, Marcos Cipriano e Emerson Vargas.
“O grande problema é quando um grupo vai ficando muito tempo no poder, ele vai ficando dentro de uma bolha de interesses legítimos ou não”, avaliou Vilmar, ao vivo. Um ano antes da eleição, ele alertava para a escolha de outro candidato a governador pela base marconista e nunca concordou com a candidatura de José Eliton Figueiredo Júnior (PSDB).
Prevendo o resultado com a derrota do atual governador e de Perillo, Rocha indicou o caminho para o grupo ao afirmar na política “existe muitas vidas, existe a ressureição. Às vezes uma pessoa perde uma eleição acachapante e ela ressurge. Não existe morto em política. Os exemplos estão ali e são muitos”.
Veja trechos da entrevista – Vilmar Rocha – presidente do PSD.
O desgaste
“O grande problema é quando um grupo vai ficando muito tempo no poder, ele vai ficando dentro de uma bolha de interesses legítimos ou não. Dentro de uma bolha perde o contato com a sociedade, o contato com as pessoas. Vamos até usar uma expressão mais romântica: ter contato com as ruas, com as vozes rouca das ruas. Isso é um perigo para uma pessoa. Então, a gente tem que, todo dia ao sair de casa, passar Bombril na pele para sentir, para perceber e muitas vezes quem vai ficando muito tempo no poder vai perdendo esse contato. É aquela velha história: o rei está nu e ninguém via que o rei estava nu, teve que alguém dizer: Olha, o rei está nu. Então, isso é uma verdade que quaisquer grupo, quaisquer pessoas tem que ter muito cuidado, não perder o chão da realidade, não tirar o pé do chão, sair dessas bolhas que se criam às vezes em torno dos governantes”.
Ressureição na política
“Tem uma coisa, na política também, que existe muitas vidas, existe a ressureição. Às vezes uma pessoa perde uma eleição acachapante e ela ressurge. Não existe morto em política. Os exemplos estão ali e são muitos. A literatura política está cheia de exemplos assim. Agora, outra coisa: quem sabe lidar com a derrota tem um valor para as pessoas. Há uma história de que foram entrevistar um velho general, que tinha vencido todas as batalhas. Chegaram e disseram: O senhor é um caso único, ganhou todas as batalhas e estamos aqui para te ouvir. Ele disse: Muito bem, só que eu não sou um homem completo, não sou o melhor. Disseram: Porque? Ele disse: Não sou completo porque nunca perdi. Eu não sei como eu reagiria na derrota, então não sou completo, tem gente melhor, vão procurar alguém que ganhou e que perdeu. Eu posso dizer que, graças a Deus, eu já ganhei e perdi muitas eleições. Então, é preciso isso para ver como a pessoa reage politicamente, emocionalmente na derrota. Isso faz parte. Ninguém tem uma vida política completa se só tem vitórias.
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O neopopulismo
“Estamos vivendo no Brasil, de novo, uma fase populista. Olha, amigos, o Bolsonaro vai ganhar, eu acredito que ele caminha para ganhar a eleição, mas ele tem um perfil de um candidato populista. Nós vamos ter enormes desafios nos próximos anos caso isso aconteça. Pode até dar certo, mas o perfil é de um candidato populista. Não estou fazendo juízo de valor, estou fazendo uma análise, uma constatação. Também não acho que a opção do PT seja boa para o Brasil, negativo. Não se trata disso. Não estou fazendo juízo de valor, mas nós teremos muitos desafios. Outra coisa que às vezes aquela história de você, na política, comparando jogar a criança com a água: o que estou dizendo com isso? É o seguinte: o que está em crise no Brasil não é a política, é a má política. O diabo é você jogar fora junto a má e a boa política. É você querer substituir os políticos atuais, todos eles, por piores. Isso aconteceu na Itália”.