Cidades • atualizado em 09/03/2018 às 19:38

Secretária de saúde admite que hospitais recusam pacientes para leitos de UTI

Reunião da CEI da Saúde em 09 de fevereiro de 2018 (Foto Divulgação Câmara Municipal de Goiânia)
Reunião da CEI da Saúde em 09 de fevereiro de 2018 (Foto Divulgação Câmara Municipal de Goiânia)

A secretária Municipal de Saúde da prefeitura de Goiânia, Fátima Mrué, admitiu, em depoimento nesta sexta-feira à Comissão Especial de Inquérito, na Câmara Municipal, que, entre janeiro e fevereiro deste ano, 81 pacientes foram recusados por hospitais da rede credenciada “sem justificativas aceitáveis”. A informação foi repassada depois de questionamento do relator da CEI, vereador Elias Vaz (PSB), sobre a seleção de pacientes para vagas de UTI.

“Esse dado é gravíssimo. Comprova que os hospitais estão escolhendo quem será atendido, quem vai ter acesso a um leito de UTI. Muitos acabam morrendo enquanto há leitos ociosos. É homicídio”, afirmou o vereador.  “É muito grave, inaceitável e por isso levamos a situação aos promotores”, disse a secretária.

Fátima Mrué afirmou que os dados foram encaminhados ao Ministério Público Estadual e Federal e que o Município recebeu prazo de um mês para revisar os contratos com os hospitais. “Queremos que informem qual exatamente a quantidade de pacientes que podem atender”, explicou.

Elias Vaz cobra medidas mais efetivas e ágeis. “O Município precisa aplicar as medidas administrativas necessárias, como multa ou até descredenciamento. Há unidades interessadas em atender, o que não pode continuar é essa situação, em que pacientes morrem por falta de atendimento. Além dessa questão administrativa, os casos precisam ser tratados como o que realmente são, ou seja, crime de homicídio”.

A Comissão já aprovou requerimento do relator cobrando da prefeitura a documentação completa desses pacientes e quais foram os hospitais que recusaram atendimento. No início da semana, os vereadores denunciaram à polícia os casos de morte por falta de UTI enquanto relatórios da própria prefeitura apontam que há vagas. Segundo o relatório, a média de leitos ociosos é de 41%. O Ministério da Saúde recomenda que a ocupação seja de cerca de 90%.

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Ambulâncias

O relator da CEI apresentou dados sobre a situação das ambulâncias do SAMU. Segundo relatório encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde, Goiânia tem hoje 10 ambulâncias ano 2010 e 11 ano 2013. Todas poderiam ser substituídas por veículos novos, de acordo com o diretor do Ministério da Saúde ouvido ontem pela Comissão como convidado. João Salame Neto informou essa troca da ambulância é feita a partir de cinco anos de uso.

O diretor geral do SAMU, André Braga, também ouvido hoje pelos vereadores, disse que a substituição ainda não ocorreu porque havia “pendências administrativas”, atribuindo a demora a processos burocráticos.

O argumentou não convenceu. “Municípios vizinhos fizeram essa troca. Dez  veículos poderiam ter sido substituídos por novos já há três anos, é tempo mais que suficiente. Ou é má gestão ou é um problema ainda pior. Carro novo não dá manutenção e a manutenção parece ser a galinha dos ovos de ouro da Saúde”, afirmou Elias Vaz.

O gasto em cinco anos com apenas uma empresa, a Útil Pneus Ltda, foi de R$14 milhões. A ambulância campeã de manutenção custou ao Município quase R$90 mil em um ano e meio. E está parada na oficina desde agosto do ano passado. Segundo o Samu, o orçamento para o veículo voltar a rodar é de R$49 mil. O ano da ambulância é 2010, ou seja, poderia ter sido substituída por uma nova já há três anos.

Próximos depoimentos

Estão previstos mais dois depoimentos para a próxima segunda-feira, dia 12. O ex-supervisor de Transporte da Saúde, Wilson Rodrigues, e o médico Rodrigo Cleto, investigado pela polícia por suspeita de envolvimento na ‘máfia do Samu’, serão ouvidos a partir de 8h30 na sala de comissões.


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