Uma ação solidária que começou de forma espontânea entre membros da Igreja Metodista Goiânia Leste se transformou no projeto Ajude.A.Semear, que está auxiliando centenas de famílias de baixa renda na capital e que foram impactadas pela crise do novo coronavírus. Uma das principais ações do projeto, surgida após a decretação da pandemia, são as cozinhas comunitárias montadas em duas comunidades da capital: Emanuelle, no Jardim Novo Mundo; e Parque Santa Rita, que fica no bairro de mesmo nome.
De acordo com a corretora de imóveis Ana Mônica Cunha Lobo, uma das voluntárias do Ajude.A.Semear, graças a mobilização do grupo e a ajuda de vários parceiros, entre amigos, familiares e empresas apoiadoras foi possível montar e manter duas cozinhas comunitárias nestas comunidades altamente carentes e que hoje produzem mais de 1.700 refeições por semana, mas a equipe ainda precisa de ajuda para conseguir os mantimentos usados nas refeições, para implantação da ação em outra comunidade e a construção de um centro comunitário na ocupação do Parque Santa Rita.
Para manter as cozinhas comunitárias, além dos utensílios (fogão, botijão e panelas) que conseguiu emprestado com a Igreja Metodista de Goiânia Leste, o grupo de voluntários, formado basicamente por Ana Mônica, o empresário Cari Filho (marido de Ana Mônica) e outras quatro pessoas, tem buscado parcerias para conseguir os alimentos, principalmente as proteínas. “Uma dificuldade que encontramos é conseguir doação de carne e frango, até porque é algo que perde fácil. Mas felizmente conseguimos alguns parceiros importantes, que têm nos ajudado muito”, diz a voluntária. Ela conta que o projeto tem crescido e buscado quem possa ajudar de alguma forma. “Mesmo que a empresa não possa nos doar, que pelo menos nos faça esses produtos a preço de custo. Já inclusive conseguimos uma parceria dessas com uma grande distribuidora de ovos, que doa uma parte e a outra eles conseguem fazer a preço de custo pra gente”, conta Ana Mônica.
O projeto também ganhou apoio individual de pessoas como a estudante de medicina Larissa Lobo, sobrinha de Cari, que se encantou com a iniciativa e criou e mantém o perfil no Instagram que divulga e busca mais doações e parceiros para o projeto. Pelo perfil @ajude.a.semear as pessoas têm acesso ao contato de Whatsapp do grupo para agendar a coleta de doações, uma conta corrente para quem quiser fazer doações em dinheiro e uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para a construção de um centro comunitário na comunidade Parque Santa Rita.
Uma história de compaixão
Ana Mônica conta que o projeto da Cozinha Comunitária começou na comunidade Emanuelle, que já era assistida há cerca de quatro anos, sempre com ações sociais voltadas para crianças e idosos. “Lá, além do trabalho religioso, com a escola dominical, fazíamos a doação de cestas de legumes e frutas. Parte dessas doações conseguimos no banco de alimentos da Ceasa em Goiânia e outra parte, até para complementar e diversificar a cesta, era adquirida em dinheiro ofertado pela Igreja Metodista Goiânia Leste”, conta a voluntária.
Ana Mônica explica que logo que foi decretada a situação de emergência em saúde pública no estado, ela e o marido visitaram a comunidade Emanuelle e ao conversarem com a líder comunitária conhecida como “Dona Rose Carioca” perceberam que, com a pandemia, a situação ficou bem mais delicada, porque com a necessidade de distanciamento social, todas as crianças da comunidade ficaram sem escola, onde as principais refeições do dia eram feitas. “Mesmo que doássemos as cestas básicas, as refeições dessas famílias não seriam completas, pois falta proteínas (carne e ovo) e outras muitas não têm como fazer almoço em casa, por não ter condição sequer de comprar um botijão de gás. Tem família que se não for essa ajuda, passaria a semana inteira comendo arroz, feijão e farinha só! Foi aí que tivemos a ideia de montar essas cozinhas comunitárias”, relata.
Segundo Cari Filho, a grande maioria das famílias da comunidade Emanuelle é formada por trabalhadores autônomos que por causa dos efeitos da pandemia ficaram totalmente sem renda. “No dia 20 de março já nos mobilizamos para providenciar fogão, botijão de gás, panelas e os mantimentos, e no dia 21 já foi possível prepara mais de 70 refeições. Hoje já são mais de 200 por dia só nesta comunidade que fica no Jardim Novo Mundo”, conta Cari.
Conforme explica Ana Mônica, cozinha comunitária é coordenada por uma líder comunitária que está cedendo a própria casa para preparar a comida e servi-la às famílias que precisam. “Costumo dizer que nós voluntários somos apenas o instrumento de Deus para ajudar essas famílias. Damos a vara e o anzol, mas quem pesca essa oportunidade é a própria comunidade, que se organiza, faz a comida e distribui”, revela a corretora de imóveis.
Segunda cozinha
A corretora de imóveis e voluntária conta que a ação social que começou de forma espontânea e com o simples objetivo de levar cestas básicas à famílias em vulnerabilidade social ganhou proporções que foram além da ação apoiada pela Igreja Metodista e que era realizada somente na Comunidade Emanuelle, no Jardim Novo Mundo. Ela chegou a outra população de pessoas carentes no setor Parque Santa Rita, em Goiânia.
Ana Mônica e Cari relatam que conheceram essa outra comunidade no final do ano passado, quando foram convidados num grupo de Whatsapp formado por amigos para participarem de uma ação que iria doar materiais escolares para as crianças e itens de higiene e limpeza para todos os membros da comunidade. “O grupo no Whatsapp não foi desfeito, mas ficou parado um tempo. Me lembro que quando começamos com a cozinha comunitária na comunidade Emanuelle, eu e meu marido lembramos dessa outra lá no Santa Rita. No dia seguinte recebemos uma mensagem encaminhada por um amigo nosso que faz parte de grupo, com o recado da dona Marilda, líder comunitária de lá, pedindo a doação de sabonete e material de higiene pessoal, para ajudar no banho das crianças. Logo pensamos, se está faltando itens de higiene provavelmente está faltando outras coisas”, relata a voluntária.
Ana Mônica diz que como não conhecia bem a comunidade no bairro Parque Santa Rita, foi antes ao local para fazer uma ação para as crianças, aproveitando uma grande doação de lanches infantis que havia recebido de uma instituição religiosa. “Enchemos os carros com esses lanches, que são bolinhos, salgadinhos, bolachas e outros itens, montamos alguns kits. Essa foi uma forma de conhecer a situação deles e de nos aproximarmos da líder comunitária, que iria nos ajudar a implantar essa outra cozinha comunitária”, relata.
Além dessas duas comunidades onde o projeto já funciona, Ana Mônica disse que já tem uma solicitação para levar a iniciativa a outra comunidade de Goiânia, localizada próxima a saída para Senador Canedo, onde vivem muitas famílias de coletores de material reciclável. “Realizamos no sábado dia 16 de maio, uma ação de entrega de cestas básicas na comunidade Eucalipto, apresentamos o projeto da cozinha as famílias, e uma senhora disse que quer cozinhar para a comunidade, mas em um formato e frequência diferentes, vez que, a maioria dos vizinhos são catadores de recicláveis e só retornam para suas casa a noite. Ela diz que quer ajudar principalmente as crianças e os catadores de papel que vivem na localidade e passam o dia inteiro na rua, e se não ganham nenhuma doação na rua voltam para casa com fome. Por isso a ideia dela é fazer sopões ao menos três vezes por semana”.
Para ajudarLigue ou envie uma mensagem pelo Whatsapp (62) 99972-8343.
Os interessados também podem acessar o direct do perfil do projeto no Instagram.
Ou ainda fazer uma doação em dinheiro
Banco Itaú
Agência 8462
Conta Corrente: 13109-8
CPF: 703 887 471 37
Larissa Mauler Lobo
No perfil também está disponível o link para a vaquinha virtual que está arrecadando recursos para a construção de um centro comunitário na Comunidade Santa Rita.
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