O Ministério Público (MP) de Minas Gerais instaurou nesta quarta-feira, 3, uma comissão para investigar a operação em Varginha, no último domingo, que terminou com todos os 26 suspeitos mortos. Nenhum policial ficou ferido na ação. Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP-MG, o promotor Igor Serrano vai liderar os trabalhos. Ele disse que a investigação vai atuar em duas frentes, apurando tanto as ações da quadrilha que supostamente atacaria agências bancárias como a atuação da Polícia Militar no caso.
Ele ressaltou também que a abertura de uma investigação é praxe em qualquer episódio em que ocorra ação estatal com morte. “Vale lembrar, e que aqui fique muito bem destacado, em qualquer ação estatal que ocorra um óbito, que ocorra a perda de uma vida, seja ela qual for, é instaurada uma investigação para apurar as circunstâncias daquele evento”, disse o promotor.
Serrano afirmou ainda que esse trabalho vai ter a “conclusão da legalidade ou ilegalidade eventualmente da ação estatal”. Um dos objetivos do MP, segundo Serrano, é descobrir também outras pessoas envolvidas principalmente no armazenamento das armas e munições e no planejamento do assalto.
O modus operandi da quadrilha, segundo a PM, tem sido chamado no meio policial de “domínio de cidades”, ou “novo cangaço”, no qual os criminosos utilizam estratégias para impedir que as forças de segurança possam reagir – bloqueando ruas com veículos e incendiando-os – e aterrorizam a população.
Os policiais descobriram que o bando ocupava dois sítios na região de Varginha, Minas Gerais, nos quais guardavam armamentos pesados – inclusive uma metralhadora .50 capaz de derrubar helicópteros – e muita munição. Nos sítios havia 12 veículos roubados, que foram recuperados pela polícia.
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Até a tarde desta quarta-feira, 19 dos 26 corpos haviam sido identificados, entre eles, dez mineiros (nove tinham antecedentes criminais). Os demais eram do Amazonas, Rondônia, Goiás, Maranhão, São Paulo e Brasília.
Além do Ministério Público, as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas e da OAB-MG também acompanham o caso. Especialistas em segurança pública questionam o fato de a ação ter terminado com 26 supostos criminosos mortos e nenhum policial ferido, levantando dúvidas sobre a versão da PM de que os suspeitos entraram em confronto com os policiais.
Por Aline Reskalla – Estadão Conteúdo
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