A adoção do ensino a distância criou um novo tipo de desigualdade no Brasil. Por falta de conexão à web, a adesão à educação virtual é bem maior nas escolas particulares – cujo índice de conexão é de 98% – do que nas públicas, onde a média é de 78%, segundo pesquisa da PwC e do Instituto Locomotiva. Essa diferença deve ampliar a evasão escolar, com impactos econômicos de longo prazo.
Dados do Insper, em parceria com o Instituto Unibanco, apontam que o déficit educacional se acentuou durante a pandemia. Em 2020, o engajamento dos alunos da rede estadual no ensino médio foi de 25 horas semanais, ou 36% da jornada ideal. Isso ampliou a proporção de jovens que pensam em abandonar a escola. Em 2020, esse porcentual havia sido de 28% e, em 2021, subiu para 43%, segundo o Conselho Nacional da Juventude.
Essa realidade leva a problemas econômicos. Pesquisa do Insper em 2020 aponta que o Brasil perde R$ 220 bilhões por ano com jovens que não completam a educação básica – o que equivale a 3,3% do PIB.
Na era do ensino a distância, as famílias tiveram de se esforçar para manter o interesse dos filhos na escola. Pais de Amanda, de 14 anos, que tem síndrome de down, e de Miguel, de 7 anos, José Augusto e Tatiana dos Santos, de Carapicuíba (SP), dividiram as tarefas profissionais com a rotina de buscar atividades nas escolas para os filhos fazerem em casa.
Segundo José Augusto, as aulas particulares praticamente não aconteceram, pelas dificuldades de Amanda com o modelo e pela falta de oferta, no caso de Miguel.
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“Fotografávamos (as tarefas) e mandávamos pelo WhatsApp para os professores corrigirem”, conta ele, que não acredita que o ano foi bom para a educação dos filhos. “Miguel aprendeu a ler esse ano – e era para ter sido no ano passado. Como não temos tanto tempo nem somos pedagogos, eles acabaram atrasando.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por André Jankavsk – Estadão Conteúdo