O primeiro turno das eleições de 2016 registrou um alto índice de abstenções nas urnas. Foram 17,6% de faltas, seja por votos anulados, em branco ou justificados. Em 2012 o percentual foi um pouco menor, de 16,41%, em cidades onde há prefeitos e vereadores. O cenário político dos últimos quatro anos foi bem conturbado. Além das investigações e dos escândalos de corrupção que vieram à tona, o maior acesso à informação por meio da internet fez crescer no cidadão a vontade de vigiar o que se passa na esfera pública do país.
A internet é uma mola propulsora para os movimentos sociais exigidos pela população, seja de que opinião política for, dada a quantidade de dados repassados pela rede e em velocidades cada vez maiores. A abrangência também está a cada dia mais significativa. De acordo com o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a utilização de internet em domicílios brasileiros, referente à pesquisa de 2014, o Brasil passou, pela primeira vez, dos 50% de lares conectados à rede mundial – mais precisamente 54,9%, o equivalente a 95,4 milhões de pessoas. No ano anterior ao da última pesquisa, em 2013, o percentual era de 48%.
Tendo o voto como a principal arma da democracia para o registro das escolhas de um cidadão para o país, digo, sem medo de utilizar-me dos verbos em gerúndio, que a internet está modificando, aprofundando e ampliando as formas de participação da sociedade. Essa evolução vem ocorrendo dia a dia, hora a hora, minuto a minuto.
Hoje é possível participar do processo eleitoral desde o início, antes mesmo que o candidato venha a se tornar o representante público eleito. No computador de casa é possível entrar em contato diretamente com os postulantes a cargos públicos e lhes oferecer ideias, apoios a propostas e até dinheiro, considerando as novas regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no ano passado.
Com o impedimento de doações de empresas para os candidatos a cargos públicos, o repasse de recursos cabe, agora, às pessoas físicas. No entanto, e a despeito do maior acesso da população em geral à internet, o que se viu no primeiro turno deste ano foi uma pequena adesão dos internautas a essa proposta. Os candidatos a prefeitos e vereadores receberam, até o primeiro turno, R$ 344 milhões, dos quais apenas R$ 89 mil (0,02%) foram realizadas de forma on-line.
O Brasil teve 144 milhões de eleitores aptos a votar no primeiro turno (as exceções ficam por conta dos que vivem no exterior, do Distrito Federal e de Fernando de Noronha, que não têm prefeitos e vereadores). A população pode se apropriar com mais intensidade do universo digital para ter a voz ouvida mesmo antes de chegar às urnas. Na internet, todos podem contribuir com ideias e propostas.
As ferramentas que facilitam esse tipo de interatividade estão disponíveis no mercado e há uma grande expectativa de que, tanto no segundo turno dessas eleições, no próximo dia 30, quanto nos pleitos eleitorais seguintes, os internautas participem mais ativamente com esse democrático modelo de interferência.
Quando o momento político é instável, a sociedade tem que participar ainda mais do processo eleitoral.
Artigo por Marcos Carvalho, representante do site Mais que Voto
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